...

“Pior do que cobra cascavel, seu veneno é cruel” ou Mulheres que correm com os Lobos?

Compartilhe
Facebook
Twitter
Email
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

A ligação de Rita Lee (1947-2023) com as cobras rendeu momentos icônicos na sua carreira. Um deles foi o resgate de 02 (duas) jiboias do show, em São Paulo, de Alice Cooper em 1974. A cantora não curtiu a ideia de ver o roqueiro maltratando as serpentes e as levou embora do backstage (bastidores). O outro é quando Rita Lee se vestiu de naja para cantar um de seus maiores hits: Erva Venenosa. A música faz referência à personagem dos quadrinhos Poison Ivy, que é pior do que cobra cascavel, seu veneno é cruel-uel-uel-uel. Um dos planos da anti-heroína da DC Comics é devolver a Terra à sua fauna e flora originais.

Erva Venenosa leva uma mensagem que refletia o amor da rainha do rock brasileiro pelos animais e pela natureza e sua ira contra seus maus-tratos. Em 14 de junho de 2023, pouco mais de um mês depois do falecimento da estrela, em 08 de maio, chegava ao Museu Biológico do Instituto Butantan a verdadeira venenosa: víbora-dos-lábios-brancos, de cor azul mar e grande beleza. A pequena Trimeresurus insularistem (origem asiática) mede 65 centímetros e pouco mais de 60 gramas. Seus olhos vermelhos, tais quais as madeixas que a cantora cultivou por anos, lhes dão um ar agressivo. Foi batizada de Rita Lee.

“Mas seus movimentos calmos e precisos mostram que ela não é nenhuma Ovelha Negra. Porém, engana-se quem pensa que ela não dá o bote ao se sentir ameaçada. À espreita de presas, ela se transforma em um Doce Vampiro”, comenta a jornalista Camila Neumam, assessora do Instituto Butantan, informando que a serpente foi batizada de Rita Lee. Depois da cobra venenosa, vamos de mulher loba, termo utilizado para designar a mulher que saiu da domesticação e das caixas a impostas socialmente Seria a mulher que segue a sua própria natureza selvagem. “Idade da Loba” significa, na prática, um novo modelo de ser mulher, um novo estilo de vida, um novo conceito de mundo, decorrente dos movimentos feministas e da libertação sexual, a partir da década de 60.

A escritora e analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante aos antigos contos de fada como Chapeuzinho Vermelho, que tinha medo do Lobo Mau. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. E aí escreveu “Mulheres que correm com os lobos: Mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem”.

Siga nas redes sociais
Artigos relacionados
Skip to content