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Piranga, o Herói Taciturno

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Equipes da Atlântico Filmes (Mônica Veiga e Dalila Pires) e da coprodutora Impulso Filmes junto ao marco (encravado na Serra da Trapizonga) da nascente do Rio Piranga, no município de Ressaquinha

SINOPSE DO DOCUMENTÁRIO

Piranga, o Herói Taciturno é um documentário no formato de curta-metragem, com temática ambiental, que fala sobre a trajetória do rio Piranga, abordando seus desafios e seus atributos e trazendo à tona a importância dele como um potencial aliado na recuperação do ecossistema do Rio Doce, que foi devastado após o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, no dia 05 de novembro de 2015. Para narrar este enredo, o rio ganha voz e ganha vida e se transforma em personagem e protagonista da sua própria história.

E, para reforçar a ideia central de valorizar este bem natural, o filme traz ainda a contribuição de alguns entrevistados que possuem forte vínculo com o Rio Piranga. São eles: Jorge Abala Dergam dos Santos, professor universitário da UFV, PhD em Biologia da Pesca e da Vida Selvagem e estudioso da ictiofauna das bacias dos rios Piranga e Doce; Marco Antônio Gomes, pesquisador e ambientalista da cidade de Piranga; Juliano Conegundes, pescador artesanal; José Roberto Fontes Castro, presidente da ASPARPI (Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Piranga), associação que atuou na defesa do Rio Piranga, mas que não existe mais e Ricardo Motta, jornalista e ambientalista da cidade de Ponte Nova.

O filme registra parte do caminho do rio, que vai desde a sua nascente, na cidade de Ressaquinha até o seu encontro com o Rio do Carmo, formando o Rio Doce, nos territórios de Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce. Há ainda a presença de imagens feitas em Piranga, Guaraciaba e Ponte Nova. Em todas as localidades, são registradas cenas em ambientes rurais, onde predominam paisagens belas e potentes e em ambientes urbanos onde, prioritariamente os maus hábitos humanos deixam a paisagem degradada com a frequente poluição de suas águas e margens.

A partir deste combate entre o lado mais puro e o lado mais desprezível que habitam o Rio Piranga, o filme parte para uma investigação, em busca de saber se ele terá a capacidade e a oportunidade de se transformar no herói que salvará o Rio Doce.

Professor Jorge Dergam concede declarações para enriquecimento do documentário
Marco Antônio Gomes, em Piranga, sendo entrevistado pela equipe de filmagens
Ponte Arthur Bernardes inaugurada em 1926, no local onde foi construída a primeira ponte de madeira para atravessar o Rio
Piranga e ligar as duas margens de Ponte Nova

Depoimento de Mônica Veiga, roteirista e diretora do documentário

“Produzir este filme é a realização de um sonho antigo. Sonho que começou no ano de 2009, quando trabalhava como jornalista no jornal “O Município” e, a partir de muitas conversas sobre o Rio Piranga com o meu colega de redação Ricardo Motta, escrevi um roteiro para fazer um filme em homenagem ao rio que corta a cidade de Ponte Nova. Na época, a produção não foi para frente e a ideia foi parar na gaveta, até que em 2017, já após o rompimento da Barragem do Fundão, surgiu a oportunidade de escrever um novo roteiro, levando em conta a importância do Rio Piranga para reequilibrar o ecossistema do Rio Doce.

O roteiro foi inscrito na Lei do Audiovisual e obteve aprovação, tendo recebido em 2019, o patrocínio integral da Bartofil Distribuidora que, por ser uma empresa atenta ao que se passa em Ponte Nova e por estar sempre buscando apoiar as ações culturais da cidade, comprou a nossa ideia. Após dois anos, tendo que esperar, seja a autorização por parte da Ancine, seja a pandemia da COVID-19 diminuir, conseguimos, enfim, filmar o documentário.

Foi uma experiência muito enriquecedora. Passei pelas etapas de pesquisa, reorganização do roteiro e direção e pude estar perto de pessoas com grande amor e admiração pelo Rio Piranga, conhecer lugares novos e muito belos por onde o nosso rio passa e, ainda, chegar até a sua nascente, olhando bem de perto um pequeno curso de água que se torna este rio tão cheio de força e vida que conhecemos bem.

O filme pode me mostrar a importância de se cuidar bem dele, afinal de contas é a nossa vida que depende dele e não o contrário. Tenho o desejo que este filme corra o mundo, levando a mensagem de proteção ao meio ambiente e que se torne fonte de conhecimento e orgulho para a comunidade ponte-novense, assim como já é para mim”.

A diretora e roteirista Mônica Veiga
Pescador artesanal Juliano Conegundes no encontro dos rios Piranga e Carmo, formadores do Rio Doce, com a equipe de filmagens
A beleza quase selvagem do Piranga na região do Emparedado, em Ponte Nova
A flagrante poluição por esgoto, no perímetro urbano de Ponte Nova, agride as águas do Piranga

Depoimento de Dalila Pires, Produtora-executiva e artística

“Este trabalho representa para mim, um pequeno grande salto na minha carreira enquanto produtora. Até então, as produções eram muito pontuais, feitas por Mônica e eu apenas, como o cinema de guerrilha é, o que é bom também. No entanto, ter sido aprovada neste edital, ter conquistado o patrocínio (aproveito para agradecer ao Carlos Bartolomeu, por acreditar no valor desta história para Ponte Nova), todo esse trabalho tem sido uma grande escola.

Estou tendo a oportunidade de conhecer mais a mim, as potências da produtora Atlântico Filmes, perceber que o céu é o limite e que há muito a ser feito em Ponte Nova, em prol da comunidade local e, especialmente, em prol do Rio Piranga, seus afluentes e seus codependentes (seres humanos, flora e fauna).

Talvez Ponte Nova não tenha claro para si, a potência que pulsa dentro dela, para mim, o Rio Piranga é como o coração de Ponte Nova, ele tem muito a ensinar, desde, claro, que a gente queira aprender. E, para aquelas pessoas que querem aprender, Piranga, o Herói Taciturno, ensinar valiosas lições”.

Dalila Pires na Serra da Trapizonga, em Ressaquinha, indicando a nascente do Rio Piranga
Cinegrafistas, produção e direção da Ponte da Barrinha, em Ponte Nova
Capela de São Francisco de Assis foi construída na comunidade de Pilar, zona rural de Guaraciaba. Um marco na defesa do
Rio Piranga, exatamente no lugar onde seria o eixo da UHE Pilar
Equipe de filmagens em cachoeira do Rio Piranga, no município de Piranga, uma das cidades cortadas pelo Herói Taciturno

A agonia do Rio Piranga: o principal formador do Rio Doce

O Rio Piranga tem sua nascente na serra da Mantiqueira, no município mineiro de Ressaquinha, a 1.220 metros de altitude. Quando chega ao território de Santa Cruz do Escalvado na divisa com Ponte Nova, o Piranga recebe as águas do Rio do Carmo e passa a se chamar Rio Doce e dali segue até a foz no Oceano Atlântico na localidade de Regência, município de Linhares no litoral do Espírito Santo. Seus principais afluentes são os rios Xopotó e Turvo Limpo, mas recebe também águas do São Bartolomeu (Viçosa) e Ribeirão Teixeiras, que deságua no lago da Brecha (Guaraciaba).

Segundo o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) a Bacia Hidrográfica do Rio Piranga abrange 67 municípios, que apresentam problemas como: poluição, redução da recarga do lençol freático, inadequação de estradas rurais, extrativismo ambiental através do desmatamento, produção de carvão, extração de pedra e areia. Esses problemas se agravam com uma fiscalização ineficiente, falta de mobilização da população e desestímulo dos produtores rurais em relação ao cuidado com o meio ambiente.

Os problemas da bacia são muitos, no entanto, a questão da poluição por esgoto, é um dos problemas mais visíveis e chocantes do Rio Piranga. O esgoto sanitário é lançado ao rio sem nenhum tipo de tratamento quando permeia pelas zonas urbanas dos municípios de Piranga (Presidente Bernardes, Porto Firme tem uma miniestação), Guaraciaba e Ponte Nova. Na cidade de Piranga a situação fica crítica quando o rio recebe as “águas” do Córrego das Almas.

Muito se fala em recuperar o Rio Doce, especialmente após o acidente da Samarco em Mariana. Mas não conseguirão se empregarem esforços para recuperação dos seus formadores, como Gualaxo do Norte, Carmo e principalmente o Rio Piranga, objeto deste caderno especial do Líder Notícias. Recuperar a bacia do Rio Piranga seria “injetar sangue novo na veia do envenenado e adoecido Rio Doce”.

A agonia do Rio Piranga na área urbana de Ponte Nova com esgoto in natura
José Roberto Fontes Castro em depoimento para o documentário em que disse estar desiludido com a política ambiental, que deixa de lado a proteção do Rio Piranga
Corredeiras de Jurumirim, uma das mais belas paisagens do Rio Piranga, perto de Casa Nova
O ambientalista Ricardo Motta foi entrevistado na margem esquerda do Rio Piranga, na Vila Centenário, na primeira semana de outubro de 2021

Piranga, o Herói Taciturno

Produzido pela Atlântico Filmes, em coprodução com a Impulso Filmes

Roteiro: Mônica Veiga

Direção: Mônica Veiga e Daniel Couto

Produção Executiva e Produção: Dalila Pires

Direção de Fotografia e operação de Câmara: Francisco (Kiko) Barbosa

Som direto: Ian Dias

Assistência de Fotografia: Lucas Godinho

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