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Rio Piranga, uma história que merece filme!

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A saga do Rio Piranga é como se fosse a história de um ser humano. Conseguiu escapar da sanha ensurdecedora do capital que queria suas águas estancadas em nada menos que 07 (sete) barragens estúpidas. Pilar e Jurumirim (Guaraciaba) e mais 05 (cinco) em Ponte Nova: UHE Baú I (Chopotó); PCH Pontal (Distrito Rosário do Pontal), PCH Nova Brito, PCH Bom Retiro (Laje do Piranga) e PCH Cantagalo. Esta profusão de barramentos acabaria definitivamente com o Rio Piranga.

Então, arregaçamos a manga, gastamos saliva, vencemos quilômetros de estrada, mobilizamos comunidade, brigamos na Justiça e vencemos. Nem sempre vencemos, mas as derrotas ambientais sempre nos deixavam mais fortes. O grupo era unido, aguerrido e encaramos a Fiat Automóveis, a Alcan (Alumínios Canadenses), Novelis, Brookfield Energia Renovável, entre outras poderosas e superpoten-tes empresas.

Primeiro foi a luta renhida contra Pilar (1997), que afetaria Guaraciaba e de tabela Ponte Nova e rio abaixo. A Igreja Católica entrou no meio com o Padre Claret e o MAB. Depois Baú I e ampliação da PCH Brito. Anos 2.000. Muito sombrio!

Personagens se multiplicaram no caminho. Até pareciam Quixotes e fiéis Sanchos Panças. Não nos intimidamos e fomos à luta. Sem medo de errar quero citar alguns nomes que estiveram lado a lado nesta peleja: Hélcio Totino, Dr. Leonardo Rezende, Padovani (Pilar), Ronaldo Fernandes, Padre Claret, José Mauro Raimundi, MAB, Geraldo Brizola (Casanova e Carioca); Gilson José de Oliveira, Antônio de Pádua Gomes (Tuniquim) e Afonso Mauro Pinho Ribeiro/Tim.

O Golpe de Mestre foi desferido pelo prefeito da época, Taquinho Linhares (2005-2008). Com sua maneira intransigente e segura, atendeu aos apelos de ambientalistas e construiu a agenda contra barragens no Rio Piranga, no município de Ponte Nova. Em 16 de setembro de 2008 era sancionada a Lei Municipal 3.224, declarando de utilidade pública e como monumento natural toda a extensão do trecho do Rio Piranga que corta o Município de Ponte Nova.

A lei veda quaisquer obras ou serviços que alterem ou descaracterizem drasticamente a paisagem natural do trecho do Rio Piranga que corta o Município de Ponte Nova, inclusive construção de hidrelétricas, transposição de águas e hidrovias. Outra lei, da mesma época, que recebeu o número 3.224, transfere ao Codema (Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente) o poder absoluto para decidir sobre intervenção no Piranga e deixa claro que a tecnologia para obter energia elétrica não pode ser de barramento.

Até o final do ano de 2021, é possível que o filme “Piranga, o Herói Taciturno” fica pronto para ser visto nas universidades públicas e privadas, nas escolas municipais e estaduais, Senai, Sesi, Fiemg, câmaras de vereadores e repartições públicas etc. Isto será possível graças à visão de Carlos Bartolomeu, que acreditou no roteiro elaborado pela jornalista e videomaker Mônica Veiga. Ele construiu com seus irmãos e sobrinhos uma ponte para que a Bartofil Distribuidora patrocinasse o documentárioPiranga, o Herói Taciturno.

(*) Ricardo Motta é jornalista, escritor e poeta. Ambientalista desde 1977

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