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Porque mataram o jornalista Herzog? O que tem a ver com as 500 edições do Líder Notícias?

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Em 24 de setembro de 2012, o registro de óbito de Vladimir Herzog foi retificado, passando a constar que a “morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército-SP (Doi-Codi)”, conforme havia sido solicitado pela Comissão Nacional da Verdade. O jornalista Vladimir Herzog, Vlado, como era conhecido, foi assassinado pela Ditadura Militar no Brasil (1964 a 1985) no dia 25 de outubro de 1975.

Em 1964, há menos de 02 (dois) meses do golpe contra o governo de João Goulart, o repórter se casou com a estudante de ciências sociais Clarice Chaves. Juntos, se mudaram para Londres, onde Herzog passou a trabalhar no Serviço Brasileiro da BBC.Lá nasceram seus dois filhos, Ivo e André.
Em 1968, a família retornou ao Brasil e o jornalista começou a trabalhar na revista Visão, onde atuou por 05 (cinco anos). Além disso, nessa mesma época ele passou a dar aulas na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Já no ano de 1975, Herzog foi escolhido pelo secretário de Cultura de São Paulo, José Mindlin, para dirigir a TV Cultura. Nesse período, segundo o Instituto Vladimir Herzog “sua postura política e seu compromisso com uma prática jornalística voltada para a divulgação das notícias do Brasil real produziram reações e denúncias por parte de acólitos [apoiadores] da ditadura”.

Em outubro do mesmo ano, Herzog foi chamado para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Esse foi mais um movimento entre as dezenas de detenções determinadas pela Operação Jacarta, conduzida pelo Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão subordinado ao Exército, para eliminar as bases do partido na imprensa, nos sindicatos e em outras entidades.

Logo que entrou no quartel do exército, foi encapuzado, amarrado a uma cadeira, sufocado com amoníaco e submetido a espancamento e choques elétricos, seguindo a rotina aplicada a centenas de outros presos políticos. Após as torturas, o jornalista foi morto no dia 25 de outubro de 1975. A versão oficial da época, apresentada pelos militares, foi a de que Herzog teria se enforcado com um cinto.
Minha versão dos fatos: quando entrei para o jornalismo em 1977, no Rio de Janeiro, sendo redator do “Grande Jornal Fluminense” que era apresentado na extinta Rádio Guanabara, e depois editor de Cultura de “O Fluminense”, comecei a notar as sombrias garras dos apoiadores da Ditadura Militar, que volta e meia circulavam na redação, ou mesmo policiais fardados buscando explicações sobre determinada matéria. Resisti!

Em Ponte Nova, anos depois enfrentei a censura quando escrevia artigos para “O Muncípio” e “Ex-Atos (suplemento literário da Tribuna da Mata)”. O nome era para ironizar os atos do regime militar, principalmente o Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5. Na Rádio Ponte Nova eu apresentava o programa “Canal Livre de Participação -Servindo ao Povo”, que atazanava os amantes da Direita e da velha UDN, braço político que sustentava o regime de exceção comandado pelo Exército.
Muitos anos depois, aqui estou na editoria do Líder Notícias e continuo escrevendo, também, para aqueles que amam os que querem derrubar a democracia e apoiam aqueles que são contra preto, pobre, mulheres, indígenas e LGBTQUIA+. “Você não merece ser estuprada, por ser muito feia”, alguém se lembra?

Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro acatou uma determinação judicial e emitiu um pedido de desculpas à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), por ter dito na Câmara, em 2003, que não estupraria a parlamentar porque ela não merecia por ser “muito feia”. Pagou multa de R$ 10 mil.
Se não fosse a imprensa você saberia disso? Por isso, tenho orgulho em comemorar 500 edições e 10 anos de circulação do Líder Notícias, com jornalismo independente e imparcial!

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