Na Reunião Plenária da Câmara Municipal de Ponte Nova, realizada na quinta-feira (24), o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, Virgílio Ferreira Milagres, usou a Tribuna Livre para fazer um apelo contundente: a revisão do salário dos motoristas de ônibus e a volta da função de cobrador nos coletivos urbanos.
Virgílio destacou que o edital da nova licitação do transporte público ignora a realidade da categoria. Hoje, os motoristas recebem R$ 2.366,00 mais 30% de adicional pela dupla função de dirigir e cobrar, totalizando cerca de R$ 2.796,00. No entanto, o edital prevê um salário fixo de R$ 2.554,00 sem mencionar o acúmulo de funções, o que, segundo o Sindicato, representa uma redução e um desrespeito à categoria.
Além da defasagem salarial, o representante sindical enfatizou os riscos da dupla função, tanto para a segurança dos passageiros quanto para a saúde dos motoristas. Ele pediu a criação de um projeto de lei municipal que obrigue a presença de cobradores nos ônibus. “Dirigir e cobrar é um absurdo. Transportamos vidas e precisamos estar 100% focados na direção”, alertou.
Outra preocupação do Sindicato é a possível demissão em massa com a entrada de uma nova empresa, caso o edital permita contratações com salários inferiores e sem vínculo com o atual acordo coletivo. Virgílio também criticou a exclusão do Sindicato das reuniões de discussão do edital com a Comissão de Licitação.
Câmara apoia reivindicações
Os vereadores expressaram apoio unânime às demandas da categoria. Emerson Carvalho (PP) sugeriu o envio de um ofício conjunto ao Executivo questionando a situação. Wagner Gomides (PV) classificou como “erro grave” a não convocação do Sindicato nas discussões. Guilherme Belmiro (PT), Suellenn Fisioterapeuta (PV) e outros parlamentares lembraram que o transporte público é um problema crônico na cidade e que a valorização dos trabalhadores é parte da solução.
Zé Osório (PSB) e Wellington Neim (PP) defenderam melhores condições e salários mais dignos, com este último afirmando que “motorista devia ganhar no mínimo R$ 4 mil”. Marcinho de Belim (PDT) classificou como “escandalosa” a falta de diálogo com a categoria, enquanto Rubinho (PP) criticou os constantes erros e cancelamentos do edital.
O consenso entre os parlamentares é de que o edital precisa ser reformulado para garantir segurança jurídica, valorização profissional e um transporte público de qualidade para a população.
Próximos passos
Entre os encaminhamentos discutidos estão:
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Elaboração de um requerimento coletivo ao Executivo Municipal;
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Proposta de audiência pública com trabalhadores e gestores;
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Discussão de projeto de lei para retorno obrigatório da função de cobrador;
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Revisão imediata do edital para incluir salários justos, direitos adquiridos e participação do Sindicato nas decisões.
O Sindicato reforça que não aceitará retrocessos e espera que o novo contrato com a futura concessionária reflita a realidade e as necessidades dos trabalhadores do transporte e da população de Ponte Nova.
Informação: Câmara de Ponte Nova