O Diário Oficial da União publicou no início de junho, exatamente no dia 04 de junho, portaria assinada por Nelson Luiz Rigaud Mendes, que substituía interinamente o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Santos Rodrigues, que havia assinado no dia 30 de maio de 2025, decreto que conferia à Comunidade Nogueira a CERTIDÃO DE AUTODEFINIÇÃO de Remanescente de Quilombo. Esta portaria certifica que a comunidade, a seguir identificada, se Autodefiniu como Remanescente de Quilombo, conforme Declaração de Autodefinição que instrui o processo administrativo, que autoriza o registro da presente certificação no Livro de Cadastro Geral.
A luta para a transformação daquela comunidade começou com uma dissertação de Ana Luiz Fernandes de Oliveira, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 2007, sob o título Terra, Trabalho, Parentela e Fé: Uma abordagem sobre o espaço social e a herança afrodescendente na comunidade rural de Nogueira, Ponte Nova/MG.Neste trabalho, apresentou-se uma análise histórico-cultural sobre a Comunidade Rural de Nogueira, Município de Ponte Nova. Segundo o texto de Ana Luiza, a Comunidade de Nogueira, que fica entre Ranchos Novos e Cedro, a pouco mais de 16 quilômetros do Anel Rodoviário, com acesso perto do Lixão do Sombrio, era constituída somente por famílias negras, da qual quase nada se sabia, a não ser que era conhecida por terra de pretos.
A pesquisa de Ana Luiza, pesquisadora da UFV, revelou que Nogueira era constituída por um agrupamento de 11 famílias de parentelas, cujos ancestrais estão naquelas terras há mais de 120 anos, sendo a terra um patrimônio familiar. A cada setembro, as parentelas e as localidades rurais vizinhas atualizam suas fronteiras simbólicas, na devoção a Santa Efigênia, momento extraordinário que concorre com a configuração de um território afrodescendente. Terra, trabalho, Parentela e Fé identificam seus moradores que até hoje, muitos não têm o título da terra e enfrentam intensas desigualdades socioeconômicas.
Ser um remanescente de quilombo traz consigo uma série de vantagens, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento e à garantia de direitos. A principal delas é a garantia de direitos fundamentais, como o direito à terra, à moradia, à saúde, à educação e à cultura, que são essenciais para a preservação da identidade e da existência desses povos. Com esta conquista, Ponte Nova passa a ter a 2ª Comunidade Quilombola: a primeira a ser reconhecida foi o Bairro de Fátima, em 2007. Ou seja, 17 anos depois. Sendo que os estudos das 02 (duas) comunidades começaram no mesmo ano.