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Ontem e hoje

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(*) Mauro Serra

Dicró dizia: “…aqui na Terra tudo que se faz tem que pôr
Deus no meio, que Deus deve
estar de saco cheio”

E a jagunçada alvoroçada, fuzis cuspindo fogo e o coitado morro acima debaixo de uma saraivada de balas. Bandido bom é bandido morto gritava o chefe da tropa de combate, tudo a bem da moralidade e dos bons costumes. Velas acesas as casas do beco fechadas as portas pediam a Deus proteção. Na escuridão da noite as sombras, nuvens pesadas a chuvarada. O silêncio, a pausa, um gemido. Gente sem forças, despedindo-se da vida. E na soleira a poça de sangue alcançava a sala. O telhado de zinco, paredes de restos de tapumes surrupiados de construção abandonada. À luz da vela o corpo. A criança ao chão centro da sala. Na correria e fugir dos tiros o menino desatento Tiquinho do lado de fora. E a morte. Armar a população, o desastre. Os periféricos sem o que comer, balas nos ossos. A periferia sempre assim, apesar das rezas e das promessas a realidade – a miséria.

E o corpo da criança sob a mesa da sala. Uma fatalidade, coisa de Deus, que Deus é justo, e se a morte veio foi para o bem daquele que morreu e dos que a ele sobreviveram. A reza sussurro, o choro contido. Na rua o tropel os tiros aos montes. Era preciso não chamar a atenção, afinal, não existe nada que não possa piorar, disse um infeliz mitômano mentecapto do apocalipse aos seus seguidores. O QI médio de 81, principalmente pós pandemia atinge marcas astronômicas, dizem.

De acordo com o jornalista e escritor George Monbiot, a Inglaterra, em 1847, um grande império capitalista, por três séculos, saqueando outras nações trazendo pessoas da África e forçando-as a trabalhar no Caribe e na América, drenando uma riqueza, inclusive da Índia, extraindo os materiais que precisava para impulsionar sua Revolução Industrial por meio de um trabalho dificilmente distinguível da escravidão total. Todo esse dinheiro financiou esse tipo de exploração, esse tipo de roubo, esses fundos que por época foram criados, é o que lançou a base para o sistema financeiro offshore, ambiente paraíso fiscal sem escrúpulos pela origem do dinheiro, garantido justamente uma especulação diabólica à custa do suor dos mais pobres, fundamentada em princípios de uma economia colonialista.

É o capitalismo? Não podemos esquecer a união de franceses e ingleses armados subjugando, obrigando o povo chinês ao consumo de ópio, garantindo o lucro de qualquer forma. O tipo “capitalista” vive da produção e suor alheio, sem qualquer pudor. Ministros, governantes, mídias e financiados corporativistas, não mais só pelas armas continuam colonizadores mantendo nativos escravos, mercê da imposição de uma desigualdade social abismal.

Ainda por esses dias a Casa Grande prendeu a mãe de 5 filhos que furtou uma CocaCola de 600 ml, dois pacotes de Miojo e um pacote de suco em pó Tang. Supermercado na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Dizem lá eles que não é a primeira vez que ela e os filhos sentem fome, por isso a manutenção da prisão da dita cuja.

O ministro e o presidente do banco… geniais ao legalizarem “offshore” lembram as leis escravagistas. A escravidão dentro da lei. A burguesia, o empresariado… obtusos. Apoiam medidas draconianas prejudicando o poder aquisitivo do consumidor, do trabalhador. QI médio 81, e os livros?

(*) Mauro Serra é advogado e contador e escreve na 1ª semana de cada mês, mas por imprevisto editorial, neste mês de outubro será nesta edição (3ª semana).

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